domingo, 22 de março de 2015

Babilônia e a hipócrita "família brasileira"

Reprodução: TV Globo.


Março de 2015 e nos deparamos com mais um "açoitamento moral" com o diferente.  A novela das 21 horas da emissora que é a terceira maior do mundo, TV Globo, Babilônia, estreia dando um soco no estômago do preconceito. Duas das grandes artistas deste país, Fernanda Montenegro e Nathália Timberg, se beijam, assim como qualquer ser humano que é casado durante 35 anos. 

A repercussão foi imediata, assim como tudo o que acontece na televisão brasileira. Os preconceituosos defensores da moral e dos bons costumes fizeram e fazem campanha contra a atração. Sentem-se enojados em ver o amor entre lésbicas na terceira idade. São tantos preconceitos acoplados que fica complicado saber o real deles. Seria pela homossexualidade? Pela idade? O machismo transformado em preconceito homofóbico? Eu chuto em todos. 

A bancada evangélica no congresso teve a cara de pau de se aproveitar do episódio para pedir o boicote da atração por parte de seus fiéis. Engraçado se não fosse trágico. Foi por conta da moral e dos bons costumes que as mulheres foram e são até hoje inferiorizadas. Pelos mesmos motivos negros foram escravos, sofreram todos os tipos de privação dos direitos humanos e ainda sofrem até hoje na pele os reflexos dos que acreditam que podem ditar o que é certo ou errado. Ou pior, tudo oriundo de uma divindade que tem respostas em religião. Não precisa nem lembrar dos índios, pobres.. todos totalmente excluídos. 

Hoje ninguém tem preconceito com nada. Só com gays. Mas as mulheres continuam ganhando menos, os negros continuam sendo os mais pobres, na televisão são raridade e quando ocupam lugar de destaque viram evento que parece o de circo.  Ao que parece o preconceito continua por aí. No Brasil, o país da moral e dos bons costumes, a maioria dos deputados do congresso nacional é homem. A bancada evangélica só fala em combate aos gays. E os gays só tentam ser felizes. Alguma coisa está errada nessa lógica. Infelizmente a intolerância continua ganhando, pois ganha destaque, manchete e até discussão. Inclusive este artigo, motivado por uma onda de intolerância louca e inexplicável. 

Em discussão recente com meus familiares eu disse: "É muito importante que essas duas estejam atuando nos papéis que estão. Não só causas gays, não são só duas mulheres, são duas grandes estrelas representando pessoas que sofrem diariamente com o que são. Defendam essas causas, respeitem o diferente e quem não gostar, só desligue a televisão ou mude de assunto". Com felicidade que me cabe, consegui plantar a semente na minha família. Uma semente que vai semear e cada vez mais o respeito vai estar entre nós. Ou será que os preconceituosos de plantão só acham legal quando o gay é esteriótipo, uma mulher gostosa ou um homem sarado? E quando chegam aos 50, morrem? É impensável que gays e lésbicas vivam juntos até os 90 anos? Absurdo! Descobriram isso em uma novela. Patético. 

Não é uma novela,  uma história ou algum preconceito. A sociedade está enraizada de todos os tipos dele. Só quem é hétero, branco e rico está livre de sofrer diariamente com a intolerância. Isso merece ser crime, doa a quem doer. Sofra o religioso que sofrer, um dia, mais cedo ou mais tarde, a verdade vai prevalecer. Hoje, quem defendia a escravidão ou racismo se envergonha. Quem foi machista nem pensa em brincar ou fazer piada de mulher perto de uma mulher que se dá ao respeito e não se cala. 

Pode demorar 10, 20 ou 50 anos, um dia, porém, vamos olhar para trás e dizer: "Que tipo de gente éramos? Que sociedade foi essa?". Um gay ou uma lésbica nunca está sozinho. Apesar da maioria sofrer com repressão de familiares, outros tantos recebem apoio e orgulho da família pela pessoa que é e não com quem beija. Não importa se você vai assistir Babilônia ou novela bíblica, se você é a favor ou contra. Apenas respeite.  

O gay não serve só para ser o "melhor amigo gay" como muitos citam. Ou para ser só a melhor amiga lésbica. Todos são mais do que isso. Enquanto gay for adjetivo e não estiver enraizado de maneira respeitosa em todos, estaremos perdidos. Você não diz que tem um melhor amigo hétero, portanto, não diga que tem um gay. Hora de mudar, agora!

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